Unidade 3 - Imunidade e controlo de doenças
O sistema imunitário pode transformar-se numa arma de guerra contra o
cancro da próstata. Basta uma vacina. Foi isso que uma equipa
internacional de cientistas fez, curando 80 por cento de ratinhos com
este tipo de cancro. Os resultados foram publicados na revista Nature Medicine.
A técnica chama-se imunoterapia e baseia-se na
resposta imunitária que faz com que o nosso corpo se defenda de
organismos estranhos, como vírus ou bactérias. Desta vez, a resposta é
contra um perigo interno, as células cancerígenas.
Estas células
produzem na membrana antigénios específicos que as diferenciam das
células saudáveis da próstata. Estes antigénios, que são proteínas,
formam uma espécie de “camisola celular” que se forem reconhecidas pelo
sistema imunitário, podem ser alvo de ataque e destruição.
Para
isso, as células do sistema imunitário chamadas de linfócitos têm que
aprender a distingui-las das restantes células saudáveis. “O maior
desafio na imunologia é desenvolver antigénios que possam sinalizar o
tumor sem causar mal noutros lados”, disse citado pela BBC News Alan
Malcher, investigador da Universidade de Leeds. Um dos grupos da equipa
internacional que contou com cientistas da clínica Mayo, no Minnesota,
Estados Unidos.
A equipa conseguiu contornar este problema com a
ajuda de vírus. Injectaram pedaços de ADN de células saudáveis da
próstata nos vírus, que produziram inúmeros antigénios a partir destes
pedaços de ADN.
Depois, os cientistas injectaram nove doses de
vírus nos ratinhos com tumores de próstata, provocando uma reacção do
sistema imunitário que aprendeu a reconhecer estes antigénios e acabou
por atacar as células cancerígenas. Oitenta por cento dos ratinhos
ficaram curados e não houve danos coletarais nas células saudáveis.
“Ninguém
sabe quantos antigénios é que o sistema imunitário pode ver nas células
tumorais”, disse em comunicado Richard Vile, da clínica Mayo. “Ao
expressarmos todas estas proteínas em vírus, aumentámos a sua
visibilidade ao sistema imunitário.” Os cientistas pensam que esta
técnica possa ser aplicada a outros tumores como o melanoma.
Dentro de dois anos, deverão começar os ensaios clínicos em pessoas.
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