Investigadores da Universidade de Zurique desenvolvem nova abordagem terapêutica para um dos tumores cerebrais mais fatais ao levar o sistema imunitário a combater as células cancerígenas. O estudo em ratinhos apresentou 80% de sucesso na rejeição do tumor, avança a TV Ciência.
Apesar de os resultados do estudo serem ainda precoces para se falar em tratamento para pacientes com glioblastoma (tumor cerebral maligno mais comum e na maior parte das vezes fatal), dado este ter decorrido em ratos de laboratórios, os cientistas da Universidade de Zurique querem avançar rapidamente para ensaios clínicos em humanos.
Os cientistas do Institute of Experimental Immunology, da Universidade de Zurique sabiam à partida que o tratamento do glioblastoma seria particularmente difícil porque as células T reguladoras dentro do tumor suprimem os ataques do sistema imunitário.
Razão pela qual os cientistas resolveram desenvolver uma estratégia onde simularam o sistema imunitário, de forma a levar o mesmo a reconhecer e matar as células tumorais.
Para isso, os investigadores utilizaram a interleucina-12, uma substância mensageira do sistema imunitário que quando é produzida no tumor leva as células imunes que se encontram no local a reagir para atacar ou rejeitar o tumor.
Uma estratégia que funcionou em ratos de laboratório com glioblastoma em fase ainda precoce, mas Burkhard Becher, coordenador da equipa de investigação explicou, citado em comunicado da Universidade de Zurique, que queriam ir mais longe e "quisemos estabelecer se conseguiríamos iniciar uma resposta imune a um tumor em crescimento dentro do cérebro".
Para isso, os cientistas esperaram que os tumores nos cérebros dos ratos de laboratório aumentassem de dimensão até alcançarem um estágio em que os animais teriam apenas três semanas de vida.
"Começámos o tratamento quando era na verdade já demasiado tarde", explicou Johannes vom Berg, primeiro autor do estudo. O cientista acrescentou que quando o índice de sucesso era já muito baixo "injectámos um biofarmacêutico de interleucina-12 no tumor de grandes dimensões no cérebro" o que "induziu uma resposta imune, mas apenas levou à rejeição do tumor em um quarto dos animais".
Os investigadores adoptaram então uma nova estratégia ao utilizar a combinação de um tratamento de interleucina-12 infratumoral com a administração intravenosa de um novo medicamento imune estimulador que suprime as células T reguladoras.
Uma nova abordagem terapêutica que resultou na rejeição do tumor pelo sistema imunitário em 80% dos animais em teste. Resultados que foram hoje, 25 de Novembro, publicados no Journal of Experimental Medicine.
"Raramente vejo dados tão convincentes no tratamento pré-clínico" deste tipo de tumores, afirmou Michael Weller, neuro-oncologista e Director da Clínica de Neurologia do Hospital Universitário de Zurique, que acrescentou que "é por isso que este desenvolvimento deve ser testado o mais rapidamente possível em ensaios clínicos".
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